O futuro da cidadania… em verso

No passado dia 30 de junho tive o prazer de participar numa Conversa Espace Observador, essa dedicada ao futuro e à tecnologia.

O Diogo Queiroz Andrade, que tão bem moderou mais esta realização do Observador, havia-me desafiado a, em apenas alguns minutos, falar sobre o papel da tecnologia neste e no próximo futuro da cidadania.

É claro que, de imediato, me lembrei dos recentes eventos em que participei e, em especial, de uma das mensagens que me marcou. Uma “wake up call” para mim e que, certamente, o poderia ser também para muitas outras pessoas.

Tinha assim uma mensagem forte para passar, um tema que poucos esperariam ver abordado numa sessão sobre tecnologia e futuro, e uma sessão em tom descontraído ao final de um longo dia de trabalho para muitos. E foi por isso que optei por escrever dois textos que li como se de livros infantis se tratassem.

Fotografia do livro

“Livro” usado para contar a história

Senhor Preocupado

O Senhor Preocupado,
passava o tempo, coitado!,
preocupado até mais não.

Se chovia, inundações temia.
Em tempo quente, morre muita gente.

Preocupava-se porque sim e porque não.

Um dia ao passear,
no jardim foi encontrar,
O Senhor Inteligente,
que vinha sorridente
e parou para conversar.

– Porque está tão contente, Senhor Inteligente?

– Lembrava-me de um artigo,
que li, já bem antigo,
que com precisão previa
as inovações do nosso dia.
Arte colaborativa, efémera, interativa,
que reflete movimentos e espelha sentimentos.

E o Senhor Preocupado, preocupado perguntou:
– E como saberão no futuro a arte que esta geração criou?

– Também estava certo o artigo,
que li, já bem antigo,
ao falar das palmilhas,
que nas minhas sapatilhas,
controlam dados vitais e me alertam para graves sinais.

E o Senhor Preocupado, preocupado perguntou:
– E quem acede aos dados recolhidos, já pensou?

– Impressão 3D que imprime facilmente
brinquedos personalizados para a criança mais exigente.
Carros sem condutor,
robots que pedem por favor,
o cidadão jornalista,
uma enciclopédia sempre em revista.

E o Senhor Preocupado, preocupado inquiriu:
– E se a criança se aleija com o que você imprimiu?
E se há um acidente? E se o cidadão mente?

– O artigo que li também previa
que graças à tecnologia
poderíamos, hoje em dia,
ter outras formas de democracia.

E o Senhor Preocupado, aliviado suspirou:
– Ah, Senhor Inteligente, não se preocupe a gente:
nessa área, ainda pouco se avançou!

 

Senhor Sonhador

O Senhor Sonhador sonhava com um mundo muito melhor
Onde as pessoas se envolviam
E os Governos por vocação serviam
Os interesses do número maior.

Transparência de ação,
canais de comunicação
Disponibilidade para valorizar
Perguntas genuínas, abertas
Em busca das respostas certas
Que só o coletivo consegue gerar.

O Senhor Sonhador sonhava com um mundo muito melhor
Sonhava mas não fazia nada
E as coisas iam de mal a pior.

 

Em resposta às várias pessoas que perguntaram, os livros existem mas a única coisa partilhada entre o seu conteúdo e os textos que li são os protagonistas – o Senhor Preocupado (Mr Worry) e o Senhor Sonhador (Mr Daydream).

A gravação vídeo do evento onde participaram também Celso Martinho, Pedro Lima, Rudolfo Quintas, Leo Xavier e Paulo Bastos está disponível aqui.

Publicado por:

   Ana Neves
Sócia e Diretora Geral da Knowman, empresa de consultoria nas áreas de gestão de conhecimento, comunidades de prática, ferramentas sociais e participação cívica digital. É uma das organizadoras do evento Cidadania 2.0 e a pessoa responsável pela plataforma Cidadania 2.0.

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