Sondagens: como são e como podem ser

Capa do livro "Sondagens, Eleições e Opinião Pública"Acabo de ler o livro “Sondagens, Eleições e Opinião Pública” de Pedro Magalhães, um dos Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Trata-se de um livro com uma linguagem muito acessível e que, considerando vários ângulos, adverte para os perigos de olhar as sondagens acriticamente ou para as desconsiderar totalmente.

Nas palavras do próprio autor, o livro pretende que o seu leitor fique “preparado para questionar, de forma metódica e sistemática, os resultados de qualquer sondagem e a medida em que eles representam os atributos, as atitudes e as intenções de uma dada população” (p 89) e também que o leitor chegue à conclusão que “as sondagens podem ser um elemento útil de informação sobre a sociedade, um instrumento fundamental para a compreensão e a explicação dos fenómenos políticos e eventualmente até algo cujo saldo, em termos de contribuição para o funcionamento da nossa democracia, pode ser globalmente positivo.” (p 89)

Fiz questão de ler este trabalho porque aproximam-se novas eleições e mais uma vez seremos bombardeados com sondagens de opinião.

Estava também interessada em ver de que forma o Pedro Magalhães “casava” as suas considerações sobre o processo de sondagens mais “tradicional” com abordagens de auscultação de opinião através das redes sociais. Afinal, o Pedro Magalhães é o coordenador do projeto POPSTAR, aqui descrito e apresentado na edição de 2014 do evento Cidadania 2.0. Surpreendeu-me, porém, não ter encontrado qualquer referência ao projeto ou à complementaridade possível entre as duas abordagens.

Fiquei com curiosidade por saber a opinião dele (e de outros, claro!) sobre o papel que os dados abertos e também o crowdsensing podem desempenhar em processos de sondagem de opinião.

O Buzz do POPSTAR encontram-se as tendências na frequência relativa e absoluta com que os líderes políticos são mencionados no Twitter, nas notícias e nos blogues

O Buzz do POPSTAR encontram-se as tendências na frequência relativa e absoluta com que os líderes políticos são mencionados no Twitter, nas notícias e nos blogues

Ainda que não necessariamente relacionado, a certa altura do livro veio-me à cabeça o conceito de “sabedoria das multidões” (“wisdom of the crowds”) popularizado por James Surowiecki no seu livro com o mesmo nome. Na verdade, enquanto comentava as possíveis fontes de erro nas sondagens, Pedro Magalhães comentou que algumas perguntas têm respostas subjetivas, respostas essas que vão depender, até mesmo para uma mesma pessoa, do seu estado de espírito, do que acabou de ouvir nas notícias, etc.. Contudo, diz o autor do livro, e ainda que as respostas individuais possam ser instáveis, “[a] agregação dessas propensões pode reflectir a ‘opinião pública’ e até ser relativamente estável.” (p 87)

Até que ponto isto é mais um exemplo da “sabedoria das multidões”? E até que ponto se poderão usar as redes e ferramentas sociais para aproveitar essa sabedoria, melhorando e, se possível, tornando mais independentes, os exercícios de sondagem de opinião?

Fica uma nota para um outro livro sobre sondagens políticas que acaba de ser lançado: “Insondáveis Sondagens” de Diogo Agostinho e Alexandre Guerra.

Publicado por:

   Ana Neves
Sócia e Diretora Geral da Knowman, empresa de consultoria nas áreas de gestão de conhecimento, comunidades de prática, ferramentas sociais e participação cívica digital. É uma das organizadoras do evento Cidadania 2.0 e a pessoa responsável pela plataforma Cidadania 2.0.

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